terça-feira, 20 de janeiro de 2009

versos

Há tempos não sei
o que há com você
o mundo arrancou
dos seus olhos até 
o encanto

me perco em palavras
para compreender
que é triste o lugar
onde ninguém te vê 
chorando

me espera, eu trouxe um coração
perdido nessa multidão

eu quero dizer
mesmo sem entender
eu quero gritar
sei que posso perder 
a razão

eu posso dizer
que é fácil esquecer
mas só sei amar
sem saber o porquê
paixão

me espera, eu trouxe um coração
perdido nessa multidão

onde houver tristeza
e um papel sobre a mesa
com nada mais que eu

nos meus versos
nada além dos meus versos
tudo por trás dos meus versos
nada além de imaginação

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

02:09

O que eu quero é um palco só meu, com tudo o que preciso pra ser só seu. Soltar os verbos sem palavras, os gritos sem voz e os saltos sem pernas. Chorar e tremer e correr vomitar berrar silenciar espremer exprimir expressar extrapolar exagerar estacionar a alma onde eu possa vê-la inteira fora de mim até. Então. Retocar reformar refazer rebolar resistir ao que não é meu e parece não ter fim. Amar me odiar. Fazer entender que o sucesso é visível até quando se faz o pior papel. É só abrir a alma pro incerto. Segurança só segura. Solta agora, já é hora. Pula corre joga tropeça assopra esquece entenda que entender é perder. Tempo tesão tempero temperatura ternura a hora. Já passou e agora? Já era. Joga fora. Quando viu já começou. Começou já no fim e não foi o bastante.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

dono

esqueça as cartas que você sequer releu
lá estão a vontade de ser quem você nunca foi
e a cegueira de quem nunca viu

esqueça o silêncio que era conforto
hoje ele grita que há algo errado
que o poema na sua voz foi morto

esqueça que há segundas chances
elas só causam segundas quedas
de alturas que só se alcançava antes

esqueça que na solidão há felicidade
e saia a procura de um novo dono
pois ninguém é bom o suficiente para a liberdade

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

troca

se eu tivesse a chave
ou quem sabe a faca
pra abrir meu peito
e te oferecer meu tudo
feito de carne e alma
eu esperaria em troca
talvez um pouco mais que o nada
que você me serve a cada madrugada

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

eu

exilado em mim
com um coração perdido
e outro nas mãos

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

beijos e rosas

fica com sua verdade
que eu acredito na minha
modifica o nosso passado
que eu me lembro do que se passou
se livra dos nossos beijos e rosas
que eu me alimento de espinhos
volta pra nossa felicidade
que eu te cubro de amor

domingo, 23 de novembro de 2008

amor ideal

a ilusão do amor é mais linda 
quando encontramos o caminho para torná-lo real 
mas na hora de seguir adiante
optamos por voltar a sonhar


gotas de chuva

esqueça as palavras
me mostra o que sentes
como gotas de chuva
que alimentam sementes

daquelas que caem
e beijam a pele molhada

daquelas que aquecem
mesmo geladas

daquelas que inundam
os olhos de lágrimas

rios, mares
tempestades de lágrimas


quinta-feira, 20 de novembro de 2008

amor 2

falar de amor é fácil
difícil é fazer com que seja ouvido

domingo, 16 de novembro de 2008

frio

o homem que não sente mente
faz escorrer do chão a luz
pro sol já nascer poente
e o mundo ficar mais triste

o homem que não ama morre
faz secar da água o azul
pra onda trazer o frio
e o mundo transbordar vazio

sábado, 15 de novembro de 2008

estrelas falsas

pintou de azul o cheiro
beijou o frio e se vestiu de sol
tocou a visão com nuvem
se deitou no vento com a sua voz

amou o brilho das estrelas falsas
que brotam dos olhos, boca, nariz e ouvido
eis o velho sonho que distante acorda
esperando dormir todos os sentidos

o barco

Sei que é humana a imperfeição
Pois também tenho pressa
De alcançar o céu

Sei que é divina a intenção
Mas em hora tardia
Fez do homem réu

Então ele fez um barco
Pra contra a maré navegar
Tentou parar o vento
Que insistia em soprar

sem entender

Me deixa mudar de lugar
Do quarto pra sala de estar
Do vazio pra onde você está
Do nunca te ter pro sempre te olhar
Pra depois ficar sem entender
Porque só quero você
Quando não sei me encontrar

calada

É esse cara do espelho
Que me corta a língua
Quando percorre a mente
Mas não persegue nada

É essa cara de estranho
Diminuída em seus olhos
Que gritando me cala
Ou me agride calada

Cara de medo
Fluente em silêncio
Vaga tanto que pára

De que valem palavras
Se me faltam idéias

De que valem idéias
Se não sobram palavras

E de que vale o amor
Que desperta o sofrer
Antes mesmo de nascer

ainda estou aqui

quanto tempo preciso
pra conquistar você?

quantos olhares faltam
pra você me ver?

quantas palavras nascem
pra eu tentar colher?

e te dar
em forma de canção

e falar
coisas do coração

siga

Se você enxerga luz
Onde eu vejo escuridão
Se você segue adiante
Ainda estou na contramão

Se você comete erros
Estou implorando por perdão
Se você sabe as respostas
Não entendi nem a questão

Se a vida lhe deu frutos
Até aqui só vi vestígios
E mais nada nesse mundo
Vai mudar o que eu vejo

Então siga
Então siga sem mim

Então siga
Mas não se perca no fim

abismo

O que eu vejo é um abismo
E o que eu sinto eu não vejo
Porque o sol que brilha aqui não mais aquece o desejo
De viver cada dia como o último ou o primeiro
De enxergar adiante um sentimento verdadeiro

fujamos

fatal é a virtude
que te apunhala nos momentos de maior lucidez
Erremos

banal é ser sóbrio
nos momentos em que não se precisa de espelho
Fujamos

domingo, 14 de setembro de 2008

amor 1

o amor é escravo, sempre foi.
E a submissão é a senzala dos coitados que amam.
Dormem sonhando com as cercas de veludo e suas farpas macias.

comensal

toneladas cintilantes de verbo
declinam sobre minha razão
eu vou perdendo a emoção

incoerências sutis
são caminhões de tragédias
a confiança se perde na névoa

hoje virei pelo avesso
vasculhei minha alma
e encontrei a lama mais limpa
e palavras insetos
que brotam da boca
contaminando você

e os seus olhos
cravando os espinhos
na minha confusão inocente

quem sofre mais,
quem fica louco ou quem causa a loucura?

segunda-feira, 10 de março de 2008

é o fim

então fica em silencio e chora sozinho
não divida com ninguém sua solidão
sangre até manchar todos os seus sorrisos
cause comoção a quem lhe pedir um pão

grite até só ouvir o silêncio
chore até perder a respiração
enfrente todos seus pesadelos
pela manhã alguém vai lhe estender a mão

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

a briga

se um dia meus olhos disseram que não
venho aqui desmentí-los
pois eles não sabem o que dizem
quando o que sinto é paixão

então eles brigam e brigam
os olhos e o coração
e só quando a vejo partir
eles fazem as pazes
no consenso da solidão

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

cintilo

me diz o que é o mundo
se não tenho nem um segundo
pra tentar compreendê-lo
quanto mais abraçá-lo

me diz o que é o amor
se tenho todo tempo do mundo
e sem conseguir compreendê-lo
talvez consiga sentí-lo
por quiçá um segundo

sábado, 26 de janeiro de 2008

o que eu nunca deixei de ser

enquanto tu aguardas
o futuro que está sempre por vir
eu sigo tentando me corrigir
querendo me tornar
o que eu nunca deixei de ser

culpa

quando um dia ensolarado termina em poesia
no pecado da noite não existe mais culpa

e teus lábios me chamam
e tuas curvas me cegam
e teu cheiro me acorda
e nos teus braços descanso
pra outro dia de sol

mesmos

cansei de ver as mesmas estrelas 
porque mais cedo não muda a estação?

cansei de ver as mesmas flores
porque não descolorem e caem no chão?

será que vou cansar dos mesmos olhos
assim que me olharem com a mesma paixão?

será que vou conseguir andar com os mesmos pés
que só há pouco voltaram a tocar o chão?

lábios salgados

final da tarde
parece que tudo demora
quando passo correndo
sem lembrar de quem sou
triste o dia vai embora

depois sou a fraqueza
de sustentar o olhar sadio
e com os lábios salgados
lembro do futuro que tinha

era teu olhar, meu luar
sensação de ter que eu perdia
e não via

palavras

palavras são armas nos lábios munidos
palavras afagam ouvidos
palavras destroem todos os sentidos
palavras ditas apagam o que foi escrito
palavras escritas relatam o que não foi dito

palavras algemas
palavras mentiras
palavras imprevisíveis
palavras intransponíveis
palavras se tornam verdades indiscutíveis

palavras guardadas na mente
revelam o desejo inconsequente
ilustram mais que imagem
distorcem mais que miragem

e pouco me importa
se são garranchos se lidas
ou trêmulas se ouvidas

o que vale no fundo
é ecoar em sussuro
e soar poesia
uma vez quando entregues
a teus ouvidos atentos
pra virar sinfonia

turvo

turvo dia

a leve nuvem lava

e leva

o céu pra noite


noite limpa

estrela brilha e chama

a chama

do sol pro dia

turvo?

cala-te

deixa meu lamento soar
em uníssono com teu silêncio

só porque tu se gabas de não ter sucumbido às normalidades da vida
não tens o direito de martelar em minha mente que fracassei

dá-me uma chance
permita-me entranhar no ventre deste mundo já em chamas
tenho apenas duas pedras nas mãos
mas carrego no peito a paixão mais quente do mundo

deixa-me tentar
ao menos tu verás do que sou feito